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Michael, o estilo de uma década e da temporada

26 jun

No início dos anos 80, a música não era só mais um prazer da audição. A música era agora também visual. Após as primeiras (e pontuais) experiências de Richard Lester com os Beatles, o videoclipe se consolidava e deixava de ser um registro de uma apresentação e se tornava um produto novo, com linguagem específica. Surgia uma indústria poderosa que teria seu maior apoio na MTV, que dava seus primeiros passos. O videoclipe de estréia da emissora, em 1981, foi o apropriado para a ocasião “Video Killed the Radio Star”, da banda The Buggles. Mas certamente o campeão de execução foi Thriller (by John Landis) — o mais caro, o mais inovador, o pioneiro em apresentar uma narrativa, etc.

Mais do que nunca a imagem era importante para vender o produto música. E Michael Jackson foi o rosto dessa indústria, junto com Madonna. Outros artistas negros já tinham feito sucesso (o próprio Jackson 5, do qual fazia parte no casting da Motown), mas nada que se comparasse ao fenômeno dos seus mais de 100 milhões de cópias vendidas com Thriller, até hoje. Deram-lhe um título — merecido, vale ressaltar — de  “Rei do Pop”, e sua indumentária tinha que fazer jus a ele. Era jovem, como ele e seu público, mas com toques de nobreza, como cabe a todo rei.

Os homens por trás do estilo de Michael eram os americanos Michael Bush e Dennis Tompkins, que desenharam quase todas as roupas usadas por ele em seus concertos. Trabalho bem sucedido: foram marcantes suas jaquetas militares estilizadas, as luvas com brilhos, as calças justas, as meias brancas, o chapéu Fedora, os óculos Ray Ban modelo aviador, os muitos dourados dos acessórios… Em meados dos anos 90, a carreira de Michael começava a declinar e ele bem que tentou um novo estilo mais ao gosto de época, calça preta, camisa branca aberta, com regata por baixo. Depois veio a fase alfaiataria impecável, com a qual enfrentou os tribunais. Mas nos ternos sempre tinha um douradinho, uma fita, um broche…

Bota-armadura de Michael, em 2001, e a coleção futurista de Guesquiere para Balenciaga, em 2007

Bota-armadura de Michael, em 2001, e a coleção futurista de Guesquiere para Balenciaga, em 2007

Foram manrcantes eu disse? Ainda são. Agora mais do que nunca. Por anos conhecida como a década do mau gosto, os anos 80 foram recentemente “perdoados”. Como esse titulo já foi ostentado pela década de 70, parece comprovada a teoria de que 20 anos é o tempo necessário para uma moda ser depurada e reabilitada. Com a década de 80 novamente bombando em leggings — alô American Appareil — polainas e ombreiras, associado aos 50 anos de idade do ídolo e anúncio de sua turnê, muitas marcas prestaram homenagem a Michael em suas coleções de inverno.

Jaqueta Balmain da Rihanna remete ao look de Michael em 1984

Jaqueta Balmain da Rihanna remete ao look de Michael em 1984

Os exemplos mais célebres são as luvas Louis Vuitton, as jaquetas Balmain, o paletó de tachas Givenchy, que Michael antenadíssimo inclusive acabou adotando em suas últimas aparições.

Nas passarelas locais, também ecoaram os gritos de Michael Jackson… (Mark Greiner, Lindebergue Fernandes e Piorski, no último Dragão Fashion):

mklilipiorski

Resumindo: reis não morrem, meu bem, saem de cena.

Deslizes acontecem

11 maio

Natalie, você é linda, pegadora, talentosa. Namorou com o Gael, pegou o Santoro, flertou com Sean Penn, esteve em pelo menos uns 10 filmes bacanas nos últimos anos, politizada, senso de estilo invejável. Se o Oscar fosse meu, juro que te dava.

Enfim, já deu pra ver que admiro suas escolhas, mas eu pensaria duas vezes antes de usar de novo esse Balenciaga. Ele teria tudo pra ser lindo, mas é total derruba-peitos.

natalie2

Foi no jantar para a Associação de Correspondentes da Casa Branca, sábado (09 de maio) em Washington, DC. É triste constatar, mas as musas também erram. Ok, essa tem crédito ainda.

Fotos: JustJared

Moda, Paris e aviões

9 out

Paris é, inconteste, a capital da moda. E também pode ser considerada a da aviação. Ora, se não foi por lá que Santos Dumont deu suas primeiras voltinhas a bordo de 14 Bis e Demoiselle? Pois esses dois universos estão sendo comemorados, a caráter, pela Air France. A mais tradicional companhia aérea francesa completou ontem seus 75 anos e colocou em seu site todo o histórico da empresa com fotos e vídeos. Como não é boba nem nada, deu um grande destaque, além de decoração e gastronomia, à evolução dos uniformes, assinados por nada mais nada menos que Pierre Cardin, Balenciaga, Courrèges, Dior e Lacroix – só para citar os mais célebres da extensa galeria. Esse aí do lado é o Lacroix que veste os 40 mil funcionários da empresa hoje em dia e alimenta o fetiche dos passageiros.

[nota mental: por que minha mãe abandonou seus planos na aviação?]

No joguinho de vestir a aeromoça comissária de bordo (acima), ao completar o look, aparece a foto com explicações. Para os mais impacientes, preguiçosos ou menos lúdicos, tem mastigadinho aqui, inclusive com uniformes de outras companhias, como a Korean Airways e Pakistain International, que também foram grifados. Emilio Pucci e Gianfranco Ferré foram outros que deram seus vôos por aí.

Tenho certeza que Santos Dumont, em seu terno impecável, camisa de gola alta e chapéu panamá, aprovaria.

É, meu bem, por mais que as companhias brasileiras se esforcem, com seus sanduíches frios e poltronas apertadas, não se apaga de uma história de glamour de uma hora pra outra. A próxima tentativa da TAM, já anunciada, será em 2009, com a liberação do uso do celular em seus vôos.